quarta-feira, 17 de maio de 2017

Às minhas amigas negras


Feminismo intersecional é uma definição dada pela professora norte-americana Kimberlé Crenshaw. O conceito já existia, mas ela nomeou-o. A definição segundo seu livro é:


A visão de que as mulheres experimentam a opressão em configurações variadas e em diferentes graus de intensidade. Padrões culturais de opressão não só estão interligados, mas também estão unidos e influenciados pelos sistemas intersecionais da sociedade. Exemplos disso incluem: raça, gênero, classe, capacidades físicas/mentais e etnia.



O filme Hidden Figures, ou Estrelas Além do Tempo aqui no Brasil, trata exatamente desse tema. O roteiro (história real) é baseado na vida de três mulheres negras trabalhando na NASA em 1961, quando os EUA ainda lutava com a segregação racial. Elas são peças chave na equipe científica responsável pelo Programa Espacial e o filme mostra a dificuldade em se fazer respeitar e provar seu valor.



Nesse ponto entra o feminismo intersecional: sabemos que a mulher geralmente tem que trabalhar o dobro para ser reconhecida nas áreas supostamente dominadas pelos homens, (como ciências e tecnologia), imagine o dobro dessa dificuldade se essa mulher for negra.

O filme mostra, com muita leveza e sinceridade, essa interação das mulheres negras num ambiente 95% branco e machista. Ficou claro que a mulher branca também pode ser instrumento de opressão sobre a negra, em nenhum momento as colegas brancas se mostraram solidárias com as dificuldades sofridas pelas mulheres negras - e em algumas situações, até contribuíam para tornar a vida delas impossível.



 O racismo é abordado do princípio ao fim nesse filme e a mensagem mais poderosa que se lê nas entrelinhas, é que nem sempre, o racismo é notado pelo racista. Como quando a personagem loira de  Vivian Michael (kirsten Dunst) se desculpa com uma das meninas, Dorothy Vaughn (Octavia Spencer), e diz que " apesar do que você possa pensar, eu não tenho nada contra vocês", e a resposta de Dorothy vem como um soco na boca do estômago:  "Eu sei que provavelmente você acredita nisso".



Cara, se você tem o mínimo de senso crítico, é impossível essa resposta não revirar seu racismo subconsciente e subjetivo, aquele que você enterrou tão fundo que se nega a crer que existe. O racismo é um sentimento tão feio e abjeto que ninguém quer admitir que existe em si. Essa perplexidade fica evidente no rosto de todo departamento quando Katherine Johnson (Taraji P. Henson) explode no meio da repartição e expõe a humilhação sofrida diariamente. Provavelmente aquelas pessoas nunca haviam pensado no assunto até aquele momento. Às vezes, é preciso que as verdades sejam gritadas na nossa cara para que acordemos e nos posicionemos contra a injustiça e a opressão.



O filme é lindo, emocionante e real. Eu não consigo sequer imaginar o que tantas manas negras passaram e continuam passando, a minha realidade, a minha intersecionalidade e minhas lutas são outras. Às vezes as minhas lutas coincidem de ser as mesmas que a delas e é lindo quando acontece, porque é maravilhoso ver um gênero se unindo por um mesmo propósito, mas não ouso dizer que nossa dificuldade é similar. Eu quero fazer um mea culpa e pedir perdão às manas negras por muitas vezes não reconhecer o seu valor, e pior, chamar de vitimismo uma dor que não compreendo. Hoje, meus olhos se abriram,  e tudo graças a um filme. Só hoje eu entendi o intersecionalismo. Eu vou me calar sobre os temas que não são meus, mas quero aprender e sobretudo, quero apoiar vocês. 






sábado, 15 de abril de 2017

Uma homenagem à Priscilla Araújo

Esse mês completa um ano da morte da Priscilla Araújo, do Minha casa, Minha vida, e esse texto é uma homenagem à ela. Priscilla foi uma das primeiras blogueiras que segui, lá em 2010 e sempre foi uma inspiração para mim. Eu não a conhecia pessoalmente, mas é engraçado como a interação online pode ser tão intensa quanto a interação pessoal, principalmente nesse segmento dos blogs de decoração: afinal, você entra dentro da casa das pessoas!



A história dela era linda. Uma filha muito desejada por uma mãe estéril, que recebeu a promessa de que geraria e então nasceu Priscilla. Conheceu Alexandre, viveu uma história de amor que deu em casamento, e foi criando cada detalhe da casa em que o casal viveria. Uma mão abençoada que transformava em talento tudo o que tocava, seja em casa, nas festas da igreja ou na lojinha virtual. Priscilla era incansável! Pensava nos detalhes, via potencial onde ninguém mais enxergava e transformava tudo em beleza e harmonia.



Como era linda sua casa! Como era aconchegante, várias vezes eu senti vontade de tomar um café com ela naquele ambiente cheio de amor. E então, veio o maldito câncer. Ela dividiu com seus leitores toda a luta contra a doença com uma força e uma determinação invejáveis. Eu realmente achei que ela venceria, tamanha sua fé e ânsia em viver. Afinal, era apenas uma moça de trinta e poucos anos, recém casada, recém formada e cheia de sonhos e projetos. Mas a vida nem sempre segue uma lógica, e Priscilla se foi. E eu senti, muito. Tanto quanto sentiria se perdesse uma de minhas amigas pessoais.



Ainda me pego pensando nela cada vez que vejo essa estampa floral rosa e azul.



Ainda visito seu blog e por mais que já tenha visto tudo, ainda me impressiono e admiro tudo que ela fez. Penso nela a cada transformação que faço aqui em casa.



Oro por seu marido e seus pais, porque se eu que nunca a vi pessoalmente me sinto assim, imagino como deve ser sofrido para eles terem-na perdido.



Esse post é só uma homenagem e uma forma de dizer que nem sempre temos dimensão do quanto impactamos a vida das pessoas que nos cercam. A Pricilla me inspirou a entrar nesse mundinho dos PAP's e Diy que a gente ama e que no meu caso, acabou virando profissão. Me inspirou também a ser uma dona de casa melhor, a cuidar do meu lar com amor e capricho. Eu sinto falta dela, estou emocionada enquanto escrevo isso. Um dia, no outro lado, eu vou abraçá-la e lhe dizer tudo isso pessoalmente. E finalmente, vamos tomar aquele café.


terça-feira, 4 de abril de 2017

Ando sonhando com uma cozinha azul marinho...

Semana passada terminei de assistir a temporada mais recente de Grace and Frankie (ótima, recomendo) e cada vez que aparecia a cozinha azul marinho delas, eu suspirava... Que coisa mais linda, fora do basicão preto/branco/tabaco que estamos acostumados aqui no Brasil...



Não tenho como reformar minha cozinha agora, minha vontade é derrubar tudo por lá e recomeçar do zero, mas sempre posso apostar no extreme makeover feito por mim. Ando tentada a fazer algumas coisinhas inspirada nesse azul mais lindo da vida.




Então, esse post é só pra guardar algumas referências mesmo. Juro. hahaha

Azul marinho, branco e madeira é só amor.



E esse piso? E esse pisoooooo?


Um toque aqui, outro acolá....


E azulejo português pra apaixonar de vez



Estão guardadas aqui as imagens. Agora é por conta da imaginação....


sexta-feira, 31 de março de 2017

O que significa ser Mulher e fazer parte do Universo Feminino?


Mulher, universo feminino... Pra mim, tem soado como um lugar. Um lugar que, me sinto desembarcando só agora. Estava longe e, recebi um convite para adentrar, chegar.



Me sinto chegando em mim mesma. Não havia penetrado de forma consciente nesse universo, no entanto, creio que exista em mim, no silêncio da minha Alma um aprendizado e sabedorias sutis a respeito, que preciso tocar... Calmamente tocar.



Mas, há algo dentro dessa Alma Feminina que acolho em mim, e que posso compartilhar... Nunca gerei filhos de forma biológica; fisiologicamente não sou mãe! Porém, as vezes, sinto brotar de mim uma maternidade indescritível - Uma vontade de cuidar, de acolher e aconselhar, de trazer junto ao peito, de cantar pra dormir. E tudo isso, por pessoas grandes! (Risos). Descobri uma capacidade de maternar, que me levou a pensar que, ser mãe é sentimento. Não é sempre, nem contínuo esse sentir em mim, é como uma luz que se acende de vez em quando e se manifesta, ilumina. 



Foi bonito perceber isso aqui dentro... Nesse caminho, descobrirei Nesse caminho, descobrirei ainda muito, e agora que cheguei nesse lugar que sou, pretendo ficar até desvendar o mais escondido tesouro. 



Com Amor maternal, Jéssica Paula.

Jéssica Paula é um presente que o universo mandou para minha vida, ela vibra na mesma frequência que eu. Talentosa até não caber mais, tem uma página no Face onde expõe suas artes com a natureza.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Feminismo Libertário


A Linda da Raquel me convidou para escrever algo sobre a mulher, já que estamos no mês de comemoração. Pensei em várias coisas que eu poderia falar, mas nenhuma me brilhou os olhos e me trouxe inspiração como minha mais recente e última experiência pessoal.
Sempre me declarei feminista, busco me desconstruir, aprender mais sob a ótica de vida do outro e aconselhar minhas amigas ( as manas) a serem fortes e se sentirem bem consigo mesmo.



O feminismo nos ensina que não existe padrão, você pode ser quem você quiser de maneira que isso te faça crescer como ser humanos e te faça ser mais forte, solidária a sua companheira e livre para que não se importe com opiniões que não somam, apenas degradam. Sempre me vi dessa forma e busquei ser assim.



Recentemente vivia um relacionamento que infelizmente não deu certo e independente da minha vontade era a hora de seguir para que eu pudesse respeitar a vontade do outro. Como todo final de ciclo isso realmente me magoou muito e busquei defeitos em mim para que essa relação não vingasse. Me senti feia, humilhada e a última das mulheres, mesmo que as expectativas que eu tenha criado foram frutos da minha carência, não de uma falsa ilusão do outro. Percebi que mesmo sendo mulher a construção do feminismo é diária, é saber que somos especiais independente do julgamento e aprovação do outro.



Ser mais forte no trabalho, em casa, nas relações para mim é mais do que esconder meus sentimentos, é estar aberta sem medo para novas experiências sozinha ou acompanhada. É amar a minha dobrinha na barriga, meu cabelo amassado, meu jeito bravo e saber que tudo isso me compõe e se amanhã eu quiser mudar não será um problema, pois no feminismo não existem amarras e como seres humanos vivemos em constante mutação. 



Por isso no mês de Março eu celebro o fato de ser uma pessoa tão maravilhosa pra mim! Porque eu quero aprender a me amar antes de gostar do outro. Obrigada Rah por essa oportunidade de me abrir e assim me descobrir mais um pouco. Vc é linda amiga


Angélica



Angélica é minha amiga e uma daquelas pessoas que a gente ama de graça, sabe? Ela é linda, engraçada e dona de uma força interior que vi em poucas pessoas nessa terra.